Muito se fala a respeito do Sanatório e seus métodos de tratamento, mas, na verdade, pouco se sabe. A instituição ainda é cercada de mistérios, principalmente pela recusa de grande parte da população em conhecer de perto como é o funcionamento do local.

Amarras utilizadas para contenção de pacientes.

A crença popular pode dizer o contrário, mas o Sanatório Espírita de Uberaba não utiliza as técnicas invasivas há muito tempo. Nos anos 70, debates sobre a luta antimanicomial surgiram. Com isso, pouco a pouco, as contenções corporais foram sendo diminuídas e as convulsoterapias e os eletrochoques foram abandonados. O Sanatório adotou, então, uma política de humanização do paciente, visando um tratamento no qual ele pudesse se reintegrar à sociedade sem problemas.

Outra ferramenta utilizada, na época, era a camisa de força, comumente feita com lona super-resistente e com mangas longas, de forma que os braços do paciente ficassem presos as costas, imobilizando-o. A camisa de força era utilizada nos hospitais brasileiros e, por vezes, era substituída por celas fortes, onde os pacientes permaneciam até o fim dos surtos.

As intenções eram boas, afinal a psiquiatria, como ciência, tem como objetivo curar e melhorar a vida humana. Mas os métodos invasivos, agressivos e que despiam os pacientes de humanidade logo foram abandonados por muitas instituições, e essa decisão não é tão recente assim.

Paciente contido e sua cama no Sanatório nos anos 30.

Os avanços não pararam e, atualmente, o funcionamento do Sanatório Espírita de Uberaba é muito diferente de anos atrás. O tratamento medicinal utilizado é o alopático, ou seja, com remédios comuns, evitando que o paciente fique extremamente sedado. Assim, é possível que ele mantenha a consciência e a independência enquanto internado. Os pacientes não ficam amarrados, podem andar livremente pela instituição e, também, recebem visitas de seus familiares diariamente. Dessa forma, o paciente não fica excluído da sociedade. Além disso, o S.E.U. busca manter os pacientes entretidos e ativos, realizando eventos semanalmente. São realizadas oficinas de terapia ocupacional, bailes, cafés, passeios e as tradicionais manhãs de beleza, onde os funcionários arrumam os cabelos, fazem as barbas e as unhas dos pacientes que desejam.

O

INÍCIO

O Sanatório Espírita de Uberaba surgiu nos anos 30, em um cenário onde a psiquiatria descobria novos métodos e realizava novos experimentos. O ano de 1933, principalmente, marcou a criação de novas técnicas como as primeiras experiências de choque insulínico, ou seja, convulsões causadas por altos níveis de insulina, além das primeiras intervenções psicocirúrgicas, como a lobotomia. Ainda nos anos 30, a terapia com choques elétricos para fins terapêuticos foi utilizada pela primeira vez.

NOVOS

TEMPOS

Camisas de força? Pacientes amarrados e sedados? Choques e lobotomias? Selas e quartos com grades que mais parecem cenários dos filmes de terror mais assustadores... Ou nada disso? Entenda os caminhos da psiquiatria e o que é verdade e mentira aqui.

ESCUTE

Doutor Carlos Bichuetti, um dos psiquiatras da instituição, fala um pouco sobre as mudanças de tratamento no Sanatório Espírita de Uberaba com o passar dos anos.

MITOS

os dois lados do portão

OS

PASSEIOS

Os passeios mensais do Sanatório Espírita de Uberaba funcionam por meio de parceria da instituição com empresas locais, que sedem seus espaços para visita gratuita. Os pacientes que apresentam menor risco de fuga e que lidam melhor com outras pessoas são levados para lugares como clubes, praças, restaurantes e feiras, sempre acompanhados por funcionários, onde se divertem livremente. A enfermeira Sirlei de Lourdes trabalha na instituição há 21 anos e, sempre que possível, acompanha os passeios. Confira mais no vídeo ao lado.